Redes Antissociais

É abrir a janela do navegador e correr pra fazer o login, é como uma necessidade, um apelo interior, um vício. Você nem se deu conta e já está lá. Logado e preso em um loop infinito de perda irrecuperável de tempo. Eu sou uma das que não fica sem visitar twitter, facebook, tumblr ...um dia se quer.

São tempos em que já existem analistas de redes sociais, e em que ficar testando a audiência on-line através de métodos respeitadíssimos, que resumem-se a tentativa e erro, virou profissão. O mais incrível das redes sociais é que na mesma proporção em que elas te aproximam do mundo te afastam de quem está do lado, te levam a conhecer o lado misógino e babaca de que você nem imaginava, o bom gosto musical do vizinho da esquina e levam a desilusão precoce com o cara bonitinho que você mal conheceu , mas já descobriu no facebook que ele ouve Latino e assiste video cassetadas(que barra).

É uma experiência de compatilhamento virtual da vida alheia que altera completamente a nossa vida real. Quantas vezes a gente não conhece pessoas on-line antes mesmo de saber quem são pessoalmente? Quantas vezes você sabe onde, com quem e o que estava fazendo aquele seu semi conhecido que você nem cumprimenta no corredor por medo de não receber resposta? Quantas vezes você nutre um ódio profundo das postagens daquela menina legal pessoalmente, mas que na internet vira o porre das frases de efeito com erros grotescos de autoria?

Eu , por exemplo, me irrito e perco a cada dia a minha pouca fé restante na humanidade com as postagens insanas que a minha timeline do facebook me esfrega na cara. Não produzo nada de útil em redes sociais e claro que xingo muito no twitter. Fora as poucas risadas e raros papos com pessoas distantes que elas proporcionam esporadicamente,não encontro uma razão lógica pra toda essa necessidade de estar presente nessas simulações tortas da convivência real. Talvez seja medo de não estar presente, ser esquecida. Talvez seja só aquela necessidade de ser parte do que está acontecendo, de seguir a manada. A bem da verdade eu acho que é só mais um método, pifiamente justificado pela necessidade de contato social, para procrastinar o que realmente importa.